História para eu sou uma pessoa má

Título: O Tigre Benevolente

Capítulo 1: O resgate do filhote de veado

Eu sou uma pessoa má, ou pelo menos é o que dizem. Sou a filha do caçador mais temido da aldeia, que mata animais pelo simples prazer da caça. Eu não gosto do que meu pai faz, mas não consigo mudá-lo. Sou apenas uma criança.
Certa manhã, enquanto caminhávamos na floresta, ouvimos um choro fraco e agudo. Meu pai ficou animado e aumentou o ritmo. Quando chegamos ao local, vimos um filhote de veado preso em uma armadilha de caça. Meu pai riu e começou a carregar o animal preso para casa para que ele pudesse ser preparado para o jantar.
Mas o que aconteceu em seguida mudou minha vida. De repente, um tigre apareceu diante de nós. Era Shere Khan, o temido tigre que todos os moradores do vilarejo tinham medo. Meu pai sacou sua arma, pronto para lutar. Mas Shere Khan não queria brigar. Ele olhou para o filhote de veado com um olhar gentil e, com suas garras afiadas, libertou-o com cuidado da armadilha.
Eu fiquei boquiaberta. Nunca imaginei que um tigre poderia ser tão gentil com um animal tão pequeno e frágil. Shere Khan olhou para nós, sua expressão calma e amigável. Ele se virou e foi embora, sem olhar para trás.
Eu olhei para o filhote de veado, seus grandes olhos castanhos cheios de gratidão. E percebi que, assim como não são todas as pessoas más e cruéis, nem todos os tigres são ameaças.
Voltamos para casa, e meu pai ficou surpreso e calado. Ele não falou nada o jantar inteiro, e eu sabia que tinha sido profundamente afetado pelo que havia visto.
Eu não conseguia parar de pensar em Shere Khan e no filhote de veado. Fiquei feliz por saber que ainda há compaixão e bondade no mundo, mesmo em lugares onde menos esperamos.
A partir daquele dia, eu comecei a perceber a floresta com outros olhos, como se as cores tivessem ficado mais vibrantes e as árvores mais altas. Eu sabia que tinha presenciado algo especial e único. E tudo graças ao tigre benevolente.

Capítulo 2: A ameaça dos caçadores ilegais

Passei os dias seguintes pensando em Shere Khan e sua gentileza surpreendente. Queria saber mais sobre ele e sua história, mas nunca tive a chance de encontrá-lo novamente. No entanto, algo ainda mais urgente apareceu.
Eu estava andando pela floresta, quando ouvi risadas e vozes distantes. No início, pensei que poderia ser meu pai, mas algo parecia errado. Quando me aproximei, vi o que nunca pensei que veria: caçadores ilegais, armados com rifles e armadilhas, caçando animais selvagens sem piedade e sem se importar com os danos que causavam ao meio ambiente.
Meu coração disparou. Eu não sabia o que fazer, mas sabia que não podia ficar parada. Tentei escapar, mas tropecei em uma raiz de árvore e caí. Os caçadores me viram e me acusaram de espioná-los. Não tive escolha a não ser confessar quem eu era e pedir que não me machucassem.
Eles riram e disseram que eu era a filha do maior caçador da aldeia e, portanto, a inimiga número um. Eu tremi de medo. Não sabia como escapar ou como impedir os caçadores. Mas, de repente, algo inesperado aconteceu.
Shere Khan apareceu, seu pelo a brilhar sob a luz do sol, o olhar firme e determinado. Ele rosnou e saltou para cima dos caçadores, sem medo de lutar contra a injustiça. Senti uma onda de gratidão e admiração por ele, e soube que ele seria o único capaz de nos salvar.
Os caçadores dispararam seus rifles, as balas atingindo o chão ao redor do tigre, mas Shere Khan não desistiu e continuou lutando. Finaismente, os caçadores viram que não teriam sucesso, e fugiram para nunca mais voltar.
Eu me aproximei de Shere Khan, ainda tremendo de medo, mas grata por sua coragem. Olhamos um para o outro por um momento, e pude entender que, assim como eu, ele havia encontrado um amigo que jamais esqueceria.
Juntos, voltamos para a aldeia, levando conosco uma mensagem de esperança e de que, mesmo nos lugares mais sombrios, ainda podem brotar a luz e a compaixão.
Na aldeia, contei aos moradores sobre os caçadores e como Shere Khan os havia expulsado. Foi a primeira vez que vi a comunidade unida em um objetivo comum: proteger a floresta e seus habitantes. Decidimos formar uma equipe de patrulha para prevenir futuras caçadas ilegais.
Shere Khan se tornou um grande aliado na luta pelo bem-estar da natureza. Ele visitava a aldeia, trazia informações sobre perigos e ajudava a patrulha a rastrear possíveis ameaças. Aos poucos, as pessoas começaram a perceber que ele não era o monstro que imaginavam, mas sim uma parte crucial da comunidade.
Eu nunca esqueceria a lição que aprendi com Shere Khan: de que nunca devemos julgar alguém pelas aparências ou por boatos. Existem muitas coisas que nos separam, mas a compaixão e a amizade podem unir as pessoas e os animais mais improváveis.
E assim, a história de Shere Khan e a minha se tornou uma lenda na aldeia, inspirando gerações a lutar pelo bem da natureza e pelo amor ao próximo, independentemente de quem ou o que seja.

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