História para Helena

### O Céu de Helena

Era uma vez, em um reino distante chamado Lumina, uma princesa de onze anos chamada Helena. Todos no castelo a conheciam por sua curiosidade e sua paixão por observar as nuvens e as estrelas. Às vezes, quando a tarde se transformava em noite, ela se sentava em seu pequeno mirante, com um cobertor macio e um caderno de desenhos, onde fazia esboços de tudo que via acima dela.
Numa noite estrelada, enquanto as nuvens dançavam suavemente no céu, Helena estava ensaiando uma nova constelação. Seus olhos brilhavam como as estrelas que tanto admirava.
— Oh, como gostaria que todos pudessem ver o que eu vejo — murmurou, enquanto desenhava uma estrela cadente.
Nesse exato momento, a porta do mirante se abriu, e sua melhor amiga, Clara, entrou com um olhar preocupado.
— Helena! Você ouviu as notícias? O reino vizinho, Sombria, decidiu invadir Lumina! — exclamou Clara, ofegante.

Helena parou de desenhar e olhou para sua amiga, sentindo um frio na barriga.

— Mas... por quê? Não podemos simplesmente conversar com eles? — perguntou, com a voz firme, embora tremesse por dentro.
— Não sei. Dizem que eles estão com raiva porque nós temos as melhores terras e… — Clara hesitou, olhando pelas janelas para o horizonte escuro. — E também porque nossa festa do solstício foi um sucesso.
Helena mordeu seu lábio inferior, cogitando a ideia de guerra. Sombria e Lumina sempre foram vizinhos; trazer aquelas terras juntas poderia ser como juntar todas as estrelas em uma única constelação. Mas como fazer isso se as pessoas não estavam dispostas a ouvir?

Enquanto pensava, uma ideia surgiu em sua mente.

— Clara, e se nós tentássemos ser gentis? Se mostrássemos a eles que não somos inimigos?

Clara abriu os olhos, surpresa.

— Mas como, Helena? Eles estão tão enfurecidos!

— Vamos levar um presente! Um gesto de amizade. Um símbolo de paz — sugeriu Helena, já pensando em como poderia fazer isso.

— O que você tem em mente? — perguntou Clara, agora intrigada.

Helena começou a caminhar de um lado para o outro, as ideias fervilhando em sua cabeça.
— As flores do campo! Elas são tão bonitas e cheirosas. E podemos adicionar um pequeno bilhete, com um desenho das estrelas e uma mensagem de paz! — disse, animada.

Clara sorriu timidamente, mas sua preocupação ainda pairava no ar.

— E se eles não aceitarem? E se nos atacarem?

Helena parou, encarando a amiga com determinação.

— Mesmo se eles não aceitarem, pelo menos saberão que tentamos. E se alguém se lembrar de nossa bondade, talvez isso mude algo dentro deles. Mesmo se começarmos em meio à guerra, a bondade pode ser como a luz das estrelas, iluminando a escuridão.

O coração de Clara se encheu de esperança.

— Vamos fazer isso, então! Você e eu, para Lumina! — exclamou, decidida.

Com um plano em mente, as duas amigas saíram do mirante e correram até o jardim do castelo. A lua brilhava intensamente, como se estivesse torcendo por elas. Enquanto as flores eram cuidadosamente escolhidas, Helena olhava uma a uma, imaginando como a beleza delas poderia espalhar mensagens de paz.
As primeiras flores foram colhidas, e o cheiro doce cresceu ao redor delas. Helena sorria, enquanto Clara amarrava um raminho com uma fita azul, a cor do céu claro.

— Aqui está! — disse Clara, segurando o presente com carinho.

Helena olhou para o céu, sentindo que as estrelas pareciam brilhar só para elas.
— Estão nos olhando, Clara. Está tudo bem… A bondade sempre encontra um caminho, mesmo em tempos difíceis.
A amizade e a coragem daquelas duas meninas estavam prestes a ser postas à prova. Era só o começo de uma grande aventura, onde muito mais que flores seriam necessárias para enfrentar o que estava por vir.
E assim, sob o vasto céu estrelado, Helena e Clara estavam prontas para se tornarem mensageiras da gentileza, mesmo em um reino à beira da guerra.
Naquela noite, enquanto as estrelas dançavam no céu, as duas amigas sonhavam em como mudariam o mundo, uma flor de cada vez.

### O Céu de Helena - Capítulo 2: A Trilha da Coragem

No dia seguinte, Helena e Clara acordaram antes do sol, com o céu ainda envolto em tons de azul profundo. As duas se vestiram rapidamente, excitadas com a missão que tinham pela frente. Enquanto passavam pelos corredores do castelo, ouvindo os ecos de sussurros de preocupação dos guardas e serviçais, um sentimento de nervosismo brotou no coração de Helena.
— Clara, você acha que estamos fazendo a coisa certa? — perguntou Helena, parando momentaneamente diante de uma janela que mostrava a floresta densa que separava Lumina de Sombria.
— Helena, temos que acreditar. A bondade é a nossa única arma — respondeu Clara, tocando o braço da amiga com encorajamento.
Assim que o sol começou a erguer-se no horizonte, elas partiram em direção à floresta. Ao entrarem na trilha coberta de folhas, o som dos pássaros serenava suas mentes inquietas. O aroma da terra molhada e das flores silvestres enchia o ar à medida que caminhavam para o desconhecido.
— Olhe! — disse Clara, apontando para o céu. — As nuvens parecem formar um coração!
Helena sorriu, deixando que a beleza do momento a envolvesse. Mas logo, a exuberância foi interrompida por um som estrondoso que reverberou pela floresta.

— O que foi isso? — perguntou Clara, com os olhos arregalados.

Antes que Helena pudesse responder, elas se depararam com uma cena inesperada. De um lado da trilha, um grupo de soldados de Sombria discutia entre si, com feições tensas e armaduras reluzentes.
— Precisamos ir! Eles podem nos ver! — exclamou Clara, puxando Helena para trás de uma árvore.
— Espera! — sussurrou Helena, observando com cuidado. — Se formos embora agora, nunca saberemos se podemos conversar com eles.
Os soldados pareciam nervosos, e Helena conseguiu ouvir algumas palavras que deixaram seu coração acelerado.
— ...muitos já estão se preparando para a batalha. A princesa de Lumina não vai nos parar... precisamos atacar antes que seja tarde demais!

Helena se virou para Clara, uma ideia audaciosa brotando em sua mente.

— E se nós falássemos com eles? — sugeriu ela, com um brilho determinado nos olhos.

— Você está louca? Eles podem nos capturar! — Clara respondeu, apavorada.

— Mas se fizermos isso com bondade, talvez possamos convencê-los a ouvir. Além disso, temos as flores. Se a gentileza é nossa arma, precisamos usá-la! — argumentou Helena.
Com o coração batendo forte, as duas amigas se aproximaram cautelosamente dos soldados. Helena segurava firme o ramalhete de flores, e a mão de Clara tremia ao seu lado.
— Olá! — exclamou Helena, sua voz um pouco mais alta do que pretendia. — Somos da Lumina, e viemos fazer uma oferta de paz!
Os soldados olharam rapidamente para as duas meninas, surpresos com a audácia delas. Um dos homens, com uma cicatriz que atravessava o rosto, aproximou-se, curioso.
— O que você está fazendo aqui, criança? Não sabe que estamos em tempos de guerra? — perguntou ele, com um tom que misturava raiva e incredulidade.
Helena sentiu o medo crescer dentro dela, mas respirou fundo, lembrando-se das estrelas que sempre a guiavam.
— Eu sei, mas… — começou, com a voz trêmula. — Eu trouxe flores para mostrar que ainda existe a possibilidade de amizade. Mesmo em meio ao conflito, podemos encontrar um caminho melhor.
Ela estendeu as flores, tremendo levemente. As pétalas brilhavam sob a luz do sol, e por um momento, o silêncio tomou conta do grupo.
— Flores? — disse o soldado, arqueando uma sobrancelha. — E o que você acha que isso vai mudar?
— Mudanças começam pequenas, como sementes que germinam. Se você olhar para elas, poderá ver que a beleza pode existir até nas situações mais difíceis — respondeu Helena, olhando profundamente nos olhos do soldado.
A tensão pairava no ar. Clara segurou a mão de Helena, nervosa, enquanto os outros soldados cochichavam entre si. Então, de repente, o soldado cicatrizado olhou para as flores, depois para Helena e Clara.
— Vocês são corajosas, por virem até aqui. — Ele hesitou, sua expressão suavizando. — Falar de amizade em tempos de guerra... é raro.
Ouvindo isso, os outros soldados começaram a mudar de postura. A reviravolta inesperada do momento fez o coração de Helena acelerar. Um deles, mais jovem, aproximou-se e disse:
— Eu gostaria de ouvir o que você tem a dizer. Às vezes, precisamos de alguém que nos lembre que a gentileza ainda existe.

O soldado cicatrizado olhou para a flor que Helena ainda segurava.

— Me diga, o que você espera alcançar com isso?

Helena sorriu timidamente.

— Esperamos que vocês possam ver que Lumina é um reino que valoriza a paz. E, juntos, podemos construir um futuro melhor.
A cena era completamente inusitada. Duas crianças oferecendo flores em meio a um conflito, e o calor da bondade começava a iluminar a escuridão que os cercava. As estrelas brilhavam acima, enquanto o céu começou a se encher de promessas.
E assim, entre flores e palavras de esperança, Helena e Clara começaram a costurar lentamente uma rede de amizade, mostrando que, mesmo em tempos difíceis, sempre vale a pena ser gentil.
E o céu, que sempre fora um lugar de sonho, agora se tornava um símbolo de um novo começo.

### Capítulo Final: O Verdadeiro Brilho das Estrelas

Os dias se passaram desde aquele encontro inesperado na floresta. A notícia da coragem de Helena e Clara se espalhou pelo reino de Lumina e pelos campos de Sombria como a brisa suave que anuncia a chegada da primavera. As flores que as meninas trouxeram tornaram-se um símbolo de paz, e um diálogo começou a florescer entre os dois reinos.
Helena estava de pé na varanda do castelo, observando o céu ao entardecer. As nuvens alinhadas pareciam dançar ao sabor do vento, criando formas que faziam seu coração transbordar de esperança.
— Você está pensando sobre eles novamente, não é? — perguntou Clara, juntando-se a Helena, segurando um livro de histórias nas mãos.
— Sim. Eu só… eu desejo que tudo se resolva logo — respondeu Helena, com um leve sorriso. — Mas eu não posso deixar de imaginar que um dia, todos irão olhar para as estrelas e lembrar que somos todos parte do mesmo céu.

Clara riu suavemente, sentindo-se inspirada.

— Você sempre encontrou uma forma de conectar as coisas, Helena. E a bondade que você mostrou foi o primeiro passo para a mudança.
Nesse momento, uma sombra cruzou o campo à frente do castelo. Era o grupo de soldados de Sombria, agora acompanhados por alguns moradores do reino. O coração de Helena disparou com emoção. Ela e Clara correram em direção ao portão, e quando chegaram lá, já havia uma multidão de curiosos reunidos.
O soldado cicatrizado, que se apresentara como Rian, estava à frente do grupo. Ele olhou para a princesa com um sorriso genuíno.
— Princesa Helena, trouxemos um presente. — Ele gesticulou, e alguns dos soldados começaram a colocar objetos coloridos no chão. Eram flores, brinquedos e outros itens que simbolizavam a amizade que agora florescia entre os reinos.
— Nós queremos que você saiba que as suas palavras tocaram nossos corações. A guerra não é o que desejamos, e estamos prontos para construir juntos um novo futuro — disse Rian, com a voz firme, mas calorosa.
Helena sentiu as bochechas esquentarem. A gratidão transbordava dentro dela, e ela respondeu com a mesma sinceridade.
— E nós de Lumina estamos dispostos a ouvir e aprender! Juntos, podemos construir um reino onde todos se sintam seguros e felizes.
Os moradores de ambos os reinos começaram a se aproximar, trocando olhares curiosos e sorrisos tímidos. A cada palavra trocada, a tensão foi se dissipando como a neblina ao amanhecer.
Helena viu que uma garotinha da Sombria, que trazia um caderno embaixo do braço, estava hesitante.

— Oi! — disse Helena, encorajando-a. — Qual é o seu nome?

— É… é Lara — sussurrou a menina, olhando para o chão.

— Você gostaria de escrever uma história sobre essa amizade que estamos construindo? — perguntou Clara, com os olhos brilhando.

Lara levantou a cabeça, surpresa.

— Eu adoraria! — disse, seu tom de voz crescendo em confiança.

E assim, enquanto as crianças de Lumina e Sombria começaram a brincar e compartilhar histórias, a bondade se espalhou como um arco-íris após uma tempestade, ligando os dois reinos em laços de amizade.
Helena se virou para Clara e Rian, uma sensação de realização tomando conta dela.
— Sempre acreditei que a bondade é como as estrelas. Ela brilha mais forte nas noites mais escuras. Você viu como aquele grupo de soldados se transformou?

Rian assentiu, um sorriso largo iluminando seu rosto.

— E tudo começou com você, Helena. Nunca subestime o poder que você tem de fazer a diferença.
As risadas e os sussurros de alegria ecoaram pelo ar, misturando-se com a brisa suave que passava. O céu começou a se colorir de tons dourados e rosados, como se o próprio universo estivesse celebrando aquele momento.
E enquanto olhava para as estrelas que começavam a surgir no céu noturno, Helena sabia que a gentileza tinha conquistado uma vitória indiscutível. Não apenas entre os reinos, mas em seus corações.
Depois de tudo, ela sorriu, sentindo-se mais que uma princesa. Ela era uma verdadeira heroína.
E, juntos, Lumina e Sombria aprenderam que, mesmo em tempos de guerra, a bondade sempre seria a luz mais poderosa.
E assim, a história de Helena e da paz entre os reinos se tornaria uma lenda para as futuras gerações, inspirando muitas outras crianças a olharem para o céu e a acreditarem no poder de um coração gentil.

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